Produtores de Sidrolândia e Camapuã conhecem técnicas de sustentabilidade na produção de leite
Produtores de Sidrolândia e Camapuã conhecem técnicas de sustentabilidade na produção de leite
Uma visita técnica realizada pelo Senar/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, na última quarta-feira (24), em Terenos ofereceu a 15 produtores de leite dos municípios de Camapuã e Sidrolândia a oportunidade de trocar experiências e conhecer técnicas de baixo custo e sustentabilidade ambiental.
A utilização de silagem com capim napiê e a biofertilização na irrigação de pastagens chamaram a atenção dos visitantes que foram até o assentamento Santa Mônica. Os proprietários, Edson Aparecido Dias e Fabiana Oliveira, recebem há um ano e meio atendimento do programa Mais Leite, uma das vertentes de atuação da metodologia de ATeG – Assistência Técnica e Gerencial e compartilharam as informações adquiridas na assistência técnica. “Quando começamos a ser atendidos produzíamos 45 litros diários com 16 animais. Hoje já cheguei a 180 litros e quero terminar o ano com 300”, planeja Fabiana.
Questionado sobre a ideia de utilizar a irrigação com biofertilizante, Dias explicou que a técnica surgiu de um problema com acúmulo de dejetos dos bovinos. “Quando construí o galpão e comecei a utilizar a ordenha mecânica, o esterco se tornou um problema, pois, tenho que deixar tudo limpo no local e não tinha aonde colocar. Eu vi a técnica de compostagem que se torna um adubo muito e bom e pedi ajuda do técnico. O resultado é que não preciso mais comprar fertilizante para o capim que planto e ainda contribuo com a preservação do meio ambiente”, declara orgulhoso.
O produtor Jurani Rodrigues Ferreira, de Camapuã, também é assistido pela assistência técnica do Senar/MS e está animado com a possibilidade de implantar a irrigação na sua propriedade. “Fiquei interessado em começar o método de biofertilização porque comprovei que é barato e funciona, aumentando a margem de lucro na produção de leite. Gostei muito da visita porque possibilita conhecer outros manejos e conversar com outros produtores que participam do Mais Leite”, argumenta.
O biofertilizante é uma técnica obtida a partir da fermentação de resíduos da lavoura ou dejetos de animais, sem a presença de ar, que pode ser utilizado na produção de biogás, fertilizante líquido ou defensivo agrícola. Entre as vantagens de utilização estão o baixo investimento e o fato de não ser poluente, o que alivia o custo de produção do produtor rural. A pesquisadora da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Talita Delgrossi Barros destaca em uma publicação divulgada na Agência de Informação e Tecnologia o diferencial obtido na biofertilização: “A aplicação do biofertilizante nas plantações favorece a multiplicação de micro-organismos, proporcionando saúde e vida ao solo. Além disso, deixam a terra mais porosa, permitindo maior penetração do ar nas camadas mais fundas até as raízes”.
Para o produtor familiar José Vieira Lima, morador no assentamento Jiboia, em Sidrolândia a técnica oferece alternativas de produção em pequenas propriedades, como é o seu caso. “Trabalho há 15 anos com produção de leite, mas enfrento dificuldades com o custo de produção. Estou muito satisfeito com a visita em Terenos e pelos conhecimentos apresentados aqui. Volto para meu lote animado para produzir o biofertilizante e investir no cultivo agrícola”, revela.
Troca de experiências – A finalidade da visita também foi de conhecer o trabalho da cooperativa Cooplaf – Cooperativa Agrícola Mista da Pecuária de Corte e Leiteira e da Agricultura Familiar que registra atualmente 480 cooperados que se dedicam a atividade de pecuária de leite e hortifrutigranjeitos. Com pouco mais de três anos de funcionamento e composta por produtores familiares oriundos dos oito assentamentos existentes na região de Terenos, a cooperativa é hoje referência do trabalho promovido pela assistência técnica do Senar/MS.
O atual presidente, Maikon Queiroz, fez um breve relato da trajetória do grupo e explicou que a cooperativa nasceu da conscientização dos produtores que, trabalhando juntos, conseguiriam melhores oportunidades de escoamento da produção.
“Mais da metade dos cooperados se dedica à atividade de leite, sendo que 161 recebem assistência técnica. A história da Cooplaf está ligada a participação em cursos do Senar e à compreensão de que trabalhando unidos, conseguiríamos melhores preços dos insumos e na venda dos produtos”, argumenta.
Queiroz explica que o leite produzido na região é armazenado em 44 tanques e transportado até o laticínio Lactalis. “A indústria instalou os tanques e cuida da logística e nós somos responsáveis pela manutenção dos recipientes. Atualmente o preço pago por litro de leite é R$ 0,90 aos cooperados”, complementa.
O produtor Celso da Silva Falconieri é proprietário de um lote no assentamento Alambari, em Sidrolândia, e tesoureiro da cooperativa Coopamaf – Cooperativa Agropecuária Mista da Agricultura Familiar, criada há três anos. Ele comenta que a visita foi importante para conhecer experiências de outras localidades e tirar dúvidas sobre o manejo. “Trabalho com leite há oito anos e achei bastante produtivo conhecer a realidade dos cooperados aqui de Terenos. Fiquei particularmente interessado pelo método de silagem com napiê, já que fica mais barato do que o milho”, detalha. Sobre o intercâmbio de informações com a Cooplaf, o cooperado de Sidrolândia complementa: “Nossa cooperativa ainda está começando, mas, estamos alinhando nosso trabalho para negociar com uma indústria que absorva toda a produção”.
Paulo Arantes Gonçalves veio de Camapuã e além de produtor é proprietário do laticínio Alvorada. Ele acredita que o apoio de instituições como o Senar/MS contribui para o fortalecimento da atividade leiteira no Estado. “Comecei a atuar no setor trabalhando na indústria e produzindo mozzarella. No entanto, dentro de um mês iniciaremos a produção de outros derivados do leite e por isso achei importante participar da visita em Terenos e conhecer a iniciativas, como essas”, opina.
Sobre o ATeG – No ano de 2015, o programa Mais Leite atuou com 744 produtores, em 21 municípios, com o objetivo de desenvolver a cadeia produtiva do leite e intensificar o estímulo à qualidade do produto no Estado do Mato Grosso do Sul. A metodologia de trabalho advinda do Sistema CNA/Senar tem como base a meritocracia, aliando consultorias (gerencial e técnica) mensais e capacitações bimestrais dos produtores. Além da atividade leiteira, a assistência técnica do Senar/MS atua na pecuária de corte, floresta, piscicultura e produção de hortifrutigranjeiros.