Caderno é ferramenta na gestão de propriedades atendidas pela assistência técnica do Senar
Caderno é ferramenta na gestão de propriedades atendidas pela assistência técnica do Senar
A evolução do setor agropecuário brasileiro está diretamente ligada à tecnologia e inovação. Porém, algumas ferramentas simples podem fazer a diferença na mão dos produtores rurais – um caderno, por exemplo. Distribuído pelas equipes da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o Caderno do Produtor é um instrumento valioso para os produtores familiares atendidos pelo Senar/MS, em Mato Grosso do Sul.
Mais do que um espaço de anotações, o caderno traz planilhas autoexplicativas com espaço para preenchimento de informações financeiras e técnicas específicas para cada cadeia. Na visita, o técnico que dá atendimento regular ao produtor transfere os dados para um software que gera informações técnicas e gerenciais utilizadas na tomada de decisão da propriedade. A gestora dos programas de ATeG, Mariana Urt, conta que o controle da gestão por meio dessa ferramenta tão simples está mudando o comportamento do produtor rural. “No caderno são controladas desde a produção até as receitas e despesas. Com isso, é possível para o técnico gerar índices econômicos e zootécnicos de cada propriedade, auxiliando na tomada de decisões e orientações”.
Uma das equipes que aprovaram a utilização do material é a do projeto Mais Leite, implementado no município de Terenos. A zootecnista Carlinda Maria Oliveira é técnica de campo do Senar/MS e observa que as anotações dos produtores otimiza o trabalho de assistência técnica e organiza as ações desenvolvidas mensalmente. “Atendo 24 produtores aqui na região e comprovei que é possível verificar os resultados de todas as recomendações feitas, se foram positivas ou não. O mais gratificante é perceber que os produtores se comprometem e apontam todos os passos sugeridos”, avalia.
Célia dos Santos Oliveira e o marido José assumiram a propriedade Três Irmãos, localizada no assentamento Nova Querência há seis anos, com a morte do pai. “Eu e meu marido sempre trabalhamos com pecuária de leite, mas não tínhamos profissionalismo. Fizemos vários cursos e com o atendimento de assistência técnica acompanhamos as mudanças na produção. Produzíamos 100 litros de leite por dia e depois de um ano aumentamos o volume para 238 litros”, comemora a agricultora.
Questionada sobre quais mudanças tiveram maior impacto neste aumento de produtividade, Célia responde sem hesitar: “A primeira orientação da técnica foi para investirmos no plantio de forrageiras para alimentação do gado na seca, aumentar a ordenha para duas vezes ao dia e anotar todas as ações no caderno desde o primeiro dia”, pontua.
O produtor Francisco Ferreira e a mulher Elenir, donos da propriedade ‘Encanto da Natureza’, no assentamento Nova Querência, trabalharam inicialmente com agricultura. “Plantamos de arroz até amendoim, mas depois partimos para produção de leite, porém o resultado foi abaixo do esperado. Conseguíamos ordenhar no máximo 20 litros por dia”, revela.
Elenir explica que os cursos e a assistência técnica do Mais Leite animaram o casal a trabalhar com pecuária de leite. “A gente tem que ter muita força de vontade, senão acaba desistindo, ainda mais nos tempos de seca. Mas resolvemos plantar mais capim e investir na irrigação da pastagem e começamos a ver os resultados. De 20 litros, nossa produção já chegou a 77 litros diários e hoje podemos afirmar que a pecuária leiteira é nossa principal fonte de renda”, considera.
Sobre a utilização do caderno do produtor, o casal tem pensamento semelhante: “Gostei demais e considero uma forma de educar a gente. Agora anoto tudo o que faço na lida com os animais e também os gastos. Antes era tudo de cabeça, mas agora é certinho, preto no branco, para controlar até onde podemos gastar mensalmente”, reforça Elenir.
O filho mais velho do casal, Fábio, parece que vai seguir o caminho dos pais. Participou no ano passado do curso de Assistente de Planejamento e Controle de Produção, na vertente de bovinocultura de leite e está com planos de empreendedorismo. “Ele fez vários cursos e está se preparando para montar uma leiteria até ano que vem”, confidencia o pai, orgulhoso.