MS: audiência sobre a cadeia da mandioca debate inclusão da fécula no pão
MS: audiência sobre a cadeia da mandioca debate inclusão da fécula no pão
Incluir de 3% a 10% da fécula de mandioca à farinha de trigo na preparação dos pães e bolos produzidos em Mato Grosso do Sul. Este foi um dos aspectos discutidos na Audiência Pública ‘Aspectos Econômicos na Cadeia Produtiva da Mandioca em MS’, realizada pela Comissão de Agricultura, Pecuária e Políticas Rural, Agrária e Pesqueira da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, na quinta-feira (07), na Casa de Leis, com objetivo de debater alternativas para a cadeia produtiva da raiz.
Também conhecida como aipim, macaxeira e maniva, a mandioca é fonte de fibras e isenta de glúten e seu cultivo ocupa uma área de aproximadamente 40 mil hectares no Estado, cultivo que o coloca em terceiro no ranking nacional de produção da fécula, com uma média 130 mil toneladas anuais e 20 fecularias em atividade. No Brasil, o consumo médio é de 50 quilos da raiz e de seus derivados per capita, por ano.
O fórum de debates teve a presença dos deputados estaduais que representam a Comissão, Márcio Fernandes e João Grandão, e também dos setores industrial e comercial, além de representantes dos produtores da raiz, como a Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária de MS e o Senar/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. A indústria se manifestou contra. “O procedimento afeta a qualidade do pão francês, principal produto comercializado nas panificadoras. A inclusão da fécula atinge diretamente a cadeia produtiva do trigo”, destacou o vice-presidente da ABIP – Associação Brasileira da Indústria de Panificação – Centro-Oeste, Paulo Lopes.
O presidente da Famasul, Nilton Pickler, participou da audiência pública e considera que discutir a cadeia econômica e social da mandioca é buscar alternativas para os produtores rurais do Estado. “Os dados só confirmam a necessidade de estudar esta cadeia. O Centro-Oeste produz 90% da fécula do país, motivo a mais para analisar os gargalos e propor alternativas para a viabilidade comercial da mandioca”, ressalta.
“Não há tempo ou terra ruim para o cultivo da mandioca. Além disso, o segmento representa fonte de energia saudável e renda para pequenos produtores rurais, o que falta é conhecimento técnico”, destacou o engenheiro agrônomo e instrutor do Senar/MS, Antônio Minari Jr, que expôs dados relacionados de produção do Estado.
Através do ATER – Assistência Técnica e Extensão Rural, com o programa Hortifruti Legal do Senar/MS, oferece orientações técnicas aos produtores rurais, que vão desde o plantio até a comercialização da produção de mandioca. Atualmente 156 famílias são assistidas pelo ATER nos municípios de Rio Verde do Mato Grosso, Figueirão, Antonio João, Campo Grande e Terenos.
O secretário de estado de Produção e Agricultura Familiar (Sepaf), Fernando Lamas, representou o Governo de MS na audiência e demonstrou preocupação com o setor. “Em 1980, quando iniciei minha vida profissional, era um momento de crise para quem cultivava mandioca. Com o passar dos anos, várias foram as dificuldades destes produtores. Hoje estamos aqui justamente para propor medidas que estimulem a produção sustentável da raiz e viabilizem a exportação da mandioca”, lembra o secretário.
O Deputado Estadual, João Grandão, propõe em projeto de lei a inclusão obrigatória da fécula de mandioca na produção das padarias de MS. A Comissão abriu o prazo de 15 dias para os representantes de todos os setores interessados apresentem propostas para a adequação da minuta antes da proposta de legislação ser apresentada em sessão ordinária. Após este prazo, uma nova reunião deverá ser marcada para adequação do documento antes de ser colocada em votação.