Senar capacita instrutores indígenas para ministrar cursos em MS
Senar capacita instrutores indígenas para ministrar cursos em MS
Indígena da etnia Terena e morador da aldeia Lagoinha, em Aquidauana (MS), Airson Gonçalves Joaquim, 31 anos, é formado em Turismo, porém nunca se afastou da produção de artesanato, atividade que garante o sustento da família. Agora, ele se prepara tecnicamente para assumir efetivamente a função de disseminador das práticas artesanais que representam a cultura da etnia há gerações. Junto com o também terena Osvaldo Tibério Carlos, Joaquim está sendo qualificado pelo Senar/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural para dar cursos aos trabalhadores rurais de Mato Grosso do Sul e para comunidades indígenas do Estado. Entre os cursos que poderá ministrar está o de Artesão de Artigos Indígenas.
“O curso de Artesão de Artigos Indígenas vai oferecer oportunidade não só para os Terenas, como também para outras etnias melhorarem as condições de vida e recuperarem os costumes registrados nos adereços e objetos de adorno”, afirmou. Segundo o instrutor, das cerca de 130 famílias que moram na Lagoinha poucas ainda dominam a técnica do artesanato. “Por necessidade de conseguir sustento para família ou mesmo desânimo, muitos de nossos irmãos deixaram de produzir peças que contam nas cores e formas um pouco da nossa história e cultura”, lamentou. Com a formação dos dois novos instrutores, o Senar/MS conta agora com quatro indígenas no seu quadro, preparados para ministrar cursos de qualificação profissional.
A aldeia Lagoinha é uma das nove existentes na região de Aquidauana e é formada por sete mil habitantes. Em razão da grande população indígena de Mato Grosso do Sul, o MDS – Ministério do Desenvolvimento Social, por intermédio das secretarias municipais de Assistência Social e do Pronatec – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, solicitou ao Senar/MS a oferta de mais opções de cursos de formação inicial e continuada para as aldeias.
Osvaldo Tibério Carlos, 41 anos, índio terena e morador na Aldeia Limão Verde, também em Aquidauana, fica visivelmente emocionado ao comentar sua participação no curso. “Estou muito satisfeito de participar deste treinamento, pois aprendi muita informação que não conhecia. Acredito que é uma troca de sabedoria: a do instrutor do Senar com o conhecimento e a minha, com a sabedoria da vida”, definiu o artesão que também se mantém produzindo artesanato com a família.
Troca de experiências – Estabelecida em Aquidauana há pouco mais de três anos, a artesã carioca Priscila Fernandes produz bijuterias há 13 anos. Priscila é mais uma das instrutoras em formação para atender aos cursos do Senar/MS. Antes de começar a atuar já se mostra realizada no Senar por participar de uma oportunidade única de integração com diferentes culturas. “Eu sempre trabalhei com biojoias, pedras brasileiras, sementes e macramê. Nos últimos 10 anos mantive meu sustento somente com a venda destes trabalhos e será muito produtivo ensinar técnicas e trocar experiência com alunos de uma cultura tão rica que é a indígena”, considerou.
A formação de instrutores indígenas vem complementar as ações já desenvolvidas pelo Senar/MS para essas comunidades. Em 2014, parcerias com os sindicatos rurais possibilitaram o atendimento de oito turmas e 86 concluintes em aldeias como a Tey Cue (Caarapó), Bananal e Imbirussu (Aquidauana), Bororó (Dourados) e Lima Campo (Ponta Porã). Foram ministrados os cursos de Horticultura Orgânica, Produtor de Mandioca e Olerícolas, Agricultor Orgânico e Viveiricultor. No total, em 2014 a instituição ofereceu 3,7 mil cursos gratuitos a 72,5 mil alunos do setor rural de Mato Grosso do Sul.