Dia Mundial da Alfabetização: Conheça as histórias de adultos que decidiram aprender a ler e escrever
Dia Mundial da Alfabetização: Conheça as histórias de adultos que decidiram aprender a ler e escrever
Ramona Ledesma Cleto, de 67 anos, estudou até a 4ª série na propriedade rural que os pais trabalhavam. Naquela época, o entendimento deles sobre o futuro era diferente do que Ramona planejava para própria vida.
“Eu queria estudar mais, era a primeira aluna sempre. Minha turma foi para a cidade de Miranda concluir os estudos, mas minha mãe não deixou. Todos se formaram, eu chorei muito, porque queria ir, mas não pude”, lembra.
Ramona perdeu os pais quando tinha 15 anos. Casou-se, teve uma filha, eu mudou-se para Campo Grande. “Eu queria que ela estudasse, fizesse uma faculdade que eu não tive oportunidade. Trabalhei muito para dar tudo para ela e hoje minha filha está formada.”, conta emocionada.
Agora, já aposentada, tem a oportunidade de retomar os estudos, por meio do Programa Despertando. Realizado pelo Senar/MS, o curso oferece alfabetização e letramento para a população rural adulta. As aulas de ramona começaram semana, no Centro de Excelência em Bovinocultura de Corte do Senar/MS.
“Sou muita grata por ter conseguido dar educação para minha filha e hoje estou tentando buscar educação para mim. Eu já fico muito feliz por estar aqui, e tenho o sonho de ainda me formar na faculdade.”, conta Ramona, emocionada.
A colega de turma, Maria Audina Molinos Faria, de 83 anos, passou 71 anos longe da sala de aula. A vontade de aprender é tanta que a aposentada vai de bicicleta estudar.
“Estudei até os 12 anos, mas precisei parar. Agora já estou aposentada, tenho minha casinha, faço vários cursos de artesanato, bordado, pintura e quero melhorar ainda mais”, explica Maria Audina.
Já Ramona Rojas Sakamoto, de 69 anos, conta que aprendeu a ler e escrever, mas com o tempo, foi perdendo a prática e sente falta de mais autonomia.
“Meu neto me pedia ajuda para fazer as tarefas da escola e eu não sabia fazer uma conta... eu preciso aprender, me atualizar”, conta Ramona.
Dentro da sala de aula, as histórias são as mais variadas. Cada um, com seu motivo, não teve a oportunidade de aprender a ler e escrever no passado.
“Eu não era registrado, então não conseguia estudar, passar de ano... Fui ter meu documento com 15 anos, mas aí eu já trabalhava e não tinha tempo para escola”, explica Marcos Antônio da Silva, de 47 anos.
Além deles, a costureira, Maria de Lourdes Paula Silva, de 77 anos, e o pintor, Ismar Arce Salazar, pintor, de 58 anos, integram a 15ª turma do programa Despertando. Criado em maio do ano passado, 80 alunos das cidades de Aral Moreira, Corumbá, Coxim, Camapuã, Ivinhema e Terenos realizaram o sonho de conquistar mais autonomia através da educação.
“O Despertando vai além do desenvolvimento de competências de leitura e escrita. Ele oportuniza uma mudança de autoimagem do aluno, fortalecendo e até mesmo criando a liberdade de decisão de situações do cotidiano, que os alfabetizados nem percebem. Isso possibilita uma real participação em sociedade, auxiliando numa transformação pessoal em busca de uma melhor qualidade de vida, expandindo acesso a oportunidade e crescimento profissional e pessoal.”, afirma a Analista Educacional do Senar/MS, Arilaine Pessoa.
Assessoria de Comunicação do Sistema Famasul - Camilla Jovê