Casal de Camapuã busca alfabetização de mãos dadas com o apoio do Senar/MS
Casal de Camapuã busca alfabetização de mãos dadas com o apoio do Senar/MS
O Transformando Vidas de hoje traz daquelas histórias que nos fazem sorrir de canto, se emocionar, acreditar um pouco mais no amor e no poder da educação. Em clima de Dia dos Namorados, o quadro faz parada em Camapuã para contar como Maria Helena e Djanir Ferreira, juntos há 16 anos, encontraram no Senar/MS não só a chance de realizar um sonho antigo de aprender a ler e escrever, mas também mais um motivo para seguirem de mãos dadas pela vida afora.
“Quando o mobilizador do Sindicato nos chamou, aceitamos na hora. Era nosso sonho estudar e conseguimos no Senar. Mudamos muito e para melhor, foi uma mudança da água para o vinho em nossas vidas”, comenta Maria Helena.
Confira:
Eles se conheceram em época de campanha política. Djanir, então candidato a vereador, discursava numa rua da cidade quando Maria Helena passou por ali com uma amiga. O que parecia apenas uma coincidência virou destino quando a amiga disse, meio em tom de brincadeira, que ele era solteiro e tinha tudo a ver com Maria Helena. Na hora, ela riu e não deu bola. O que ela não sabia é que ele a viu também e dali em diante, o interesse foi recíproco, ainda que silencioso no início.
“Um dia ele veio conversar comigo em casa e foram cinco meses nos conhecendo melhor até decidirmos juntar tudo de vez”, relembra Maria Helena.
Ela, viúva. Ele, separado. Já maduros, com histórias longas e cheias de reviravoltas. Não buscavam mais aventuras, mas desejavam companhia, afeto, alguém para partilhar o dia a dia e, acima de tudo, para fugir da solidão. E foi exatamente isso que encontraram um no outro: um companheiro para chamar de seu. “Ficar sozinho é brabo demais, a gente queria ter alguém para passar o resto da vida e decidi confiar nela. Valeu a pena”, resume Djanir, com aquele sorriso tranquilo de quem fez a escolha certa.
Vida no Campo
Ambos nasceram e cresceram na zona rural de Camapuã. Entre plantações, animais, ordenha e muito trabalho no campo, viveram uma infância típica do interior. Bonita, porém marcada por dificuldades. A principal delas foi a impossibilidade de estudar. Maria Helena é filha de safristas e as constantes mudanças para acompanhar as colheitas a afastaram da escola. Já Djanir chegou a ter professores contratados pelo pai para ensinar as crianças das redondezas, mas os profissionais raramente permaneciam, e os intervalos entre uma aula e outra duravam meses. Resultado: os dois se tornaram pessoas não alfabetizadas.
“Eu tinha muita vontade de estudar. Das poucas vezes que consegui ir para a escola achava maravilhoso, mas a dificuldade foi maior”, recorda Maria.
O tempo, que parecia ter deixado esse capítulo para trás, resolveu escrever um novo parágrafo. Já casados e com a vida um pouco mais tranquila, receberam um convite do sindicato rural local para participarem do Despertando, programa do Senar/MS voltado à introduzir a alfabetização de adultos no meio rural. E não hesitaram. “A gente nem pensou duas vezes. Aceitamos na hora, com muito prazer. Fomos juntos, de mãos dadas, e com o coração aberto para aprender”, conta Maria Helena.
Ver a sala de aula, conviver com colegas e aprender com a professora foi, para eles, uma experiência transformadora. “É indescritível. Foi uma bênção o momento que a gente viveu ao participar e aprender tudo”, diz Djanir emocionado. Hoje, já concluíram a etapa inicial do programa e seguem firmes na segunda, aprendendo a ler, escrever e compreender um mundo que antes parecia tão distante.
Na varanda de casa, entre um chimarrão e outro, os dois fazem as tarefas juntos. Um ajuda o outro, sempre com a mesma cumplicidade que os uniu. “O Senar/MS mudou nossa vida. Antes eu nem sabia que o nome das pessoas começava com letra maiúscula. Agora sei, e quero aprender cada vez mais”, diz Djanir, rindo da própria surpresa com o conhecimento.
Para eles, o Despertando não foi só uma sala de aula, mas uma porta aberta para uma nova etapa da vida. Com o apoio do Senar/MS, descobriram que nunca é tarde demais para aprender e que, com amor, tudo fica mais fácil.
Hoje, são exemplos na comunidade e inspiração para tantos outros que ainda carregam o sonho adormecido de estudar. “Eu me emociono quando a gente diz para as pessoas que estamos estudando e elas acham bonito. A gente quer viver sem se acomodar, sem ligar para idade. Se temos vontade, tudo é possível”, reforça Djanir.
E assim eles seguem, de mãos dadas para a escola, para a vida e para o amor, porque o que o Senar/MS ajudou a despertar foi muito mais que o conhecimento: foi a coragem de recomeçar. Juntos.
Despertando - O programa tem carga horária presencial de 243 horas por etapa, com aproximadamente 81 dias úteis de duração, com encontros três vezes na semana, em turma de no máximo 10 alunos. O Despertando é dividido em duas etapas: Inicial - para introdução da leitura e escrita da língua portuguesa e noções de cálculos matemáticos básico. E a Intermediária, que aprimora conhecimento na interpretação e produção de texto e cálculos matemáticos um pouco mais complexos.
Nas duas etapas são desenvolvidos temas complementares, que abordam consciência da saúde física e mental, valorização da cultura do nosso estado, além de debate e divulgação de assuntos referente ao Agro.
Para saber mais procure o Sindicato Rural do seu município.
Assessoria de Comunicação do Sistema Famasul – Michael Franco