Com assistência técnica para seringueiros, Senar quer elevar produção de látex no MS
Com assistência técnica para seringueiros, Senar quer elevar produção de látex no MS
Enquanto o Brasil teve crescimento de 79% na produção de borracha (látex coagulado) entre 2005 e 2013, Mato Grosso do Sul registrou aumento de 97%, pulando de 1.105 para 2.178 toneladas extraídas no mesmo período. Os dados constam na publicação de Produção Agrícola Municipal de 2013, a última divulgada pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística com informações sobre o segmento.
Com objetivo de incentivar o cultivo da seringueira e a produção de látex, o programa Mais Floresta do Senar/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural iniciou no último dia 18 o atendimento, por meio de um programa de ATER – Assistência Técnica e Extensão Rural, para produtores do município de Aparecida do Taboado que trabalham com a heveicultura (cultivo de seringueiras). A orientação começa com a escolha de mudas para plantio, passando pelo manejo, controle de doenças e pragas, até a extração e orientação na venda do produto.
O responsável pelo atendimento é o instrutor e técnico em heveicultura, Ramiro Juliano da Silva, que há 20 anos atua no setor. Iniciado em 2012 no Estado, o programa se estenderá ainda para a produção de eucalipto e mogno. “A partir de palestras e workshops realizados pelo Programa Mais Floresta, os produtores de Aparecida do Taboado iniciaram o plantio em 2008. Alguns já devem iniciar a extração e outros o farão a partir do 6º ano. “Nosso objetivo é incentivar outras áreas da silvicultura, que foi fortemente estimulada pela produção de eucalipto no Estado, que já ultrapassou 850 mil hectares”, detalha Silva.
Silva ressalta que para iniciar o plantio convencional de seringueiras é necessária uma área mínima de três a seis hectares, visto que cada hectare comporta 500 mudas plantadas. “A produção inicial é de 200 gramas de látex por árvore/mês, no entanto, com os cuidados necessários pode chegar a um quilo por planta/mês. Por isso, a metodologia do Senar é promover a assistência técnica de pequenos e médios produtores, definindo uma área a partir de cinco hectares. Com esta área, o produtor poderá plantar 2,5 mil plantas, ao chegar no período de extração do látex, no 6º ano após o plantio, realizando a sangria em dez meses do ano, poderá extrair até 25 toneladas de borracha por ano, haja vista que em dois meses do inverno não ocorre sangria. Atualmente a borracha natural está cotada a cerca de dois reais o quilo”, acrescenta.
O plantio de seringueiras pode ajudar a suprir a necessidade de reserva legal, conforme prevê o novo Código Florestal Brasileiro. Se consorciada com plantas nativas da região, poderá ser utilizada na recomposição da reserva legal em propriedades rurais. O instrutor do Senar argumenta que com o manejo correto, a atividade pode ser considerada uma poupança do futuro. “O investimento inicial é considerado alto, podendo chegar a R$ 20 mil por hectare ao longo dos sete primeiros anos, sendo que o investimento maior ocorre no primeiro ano, entretanto, quando a árvore atinge o período de extração demonstra o diferencial, pois pode continuar produtiva por mais de 30 anos”, conclui.
O município sul-mato-grossense com maior índice de plantio da seringueira é Cassilândia, região norte do Estado, em razão da instalação da empresa Cautex Florestal, em 2007. Com um programa tecnificado, a empresa promoveu o plantio de mais de 11 milhões de mudas de seringueiras nos últimos sete anos, segundo o diretor, Getúlio Ferreira. “Com apoio de entidades públicas e privadas garantimos o plantio de 23 mil hectares de árvores e a partir de agosto iniciaremos a extração da borracha. Acreditamos que com a produção, teremos muitas famílias se mudando para cá em busca de renda com esta atividade econômica”, salienta.
Na avaliação de Ferreira, a extração de borracha ainda é um segmento que necessita de incentivos, visto que o país produz atualmente 150 mil toneladas, quando o ideal seria atingir mais de 400 mil. “Apoiamos a iniciativa do programa oferecido pelo Senar por avaliarmos que o pequeno e médio produtor tem de ser informado e amparado para investirem em seringais. As condições climáticas e do solo são perfeitas na maioria das regiões, com exceção do pantanal e do sul do Estado”, acrescentou. No entanto, o diretor lamenta o gargalo da falta de mão de obra disponível em qualidade e quantidade, o que resulta na contratação de trabalhadores de outros estados.