Com propriedade invadida há quase um ano, produtora fica sem fonte de renda
Com propriedade invadida há quase um ano, produtora fica sem fonte de renda
“Você dorme cheia de sonhos e acorda no meio de um pesadelo”. A afirmação da produtora rural Maria Helena Vanzella encerra o drama de quem, da noite para o dia, teve os planos interrompidos pela invasão da área que cultivava grãos, quando um grupo de indígenas da etnia Guarani Kaiowá despejou a família da propriedade, localizada em Coronel Sapucaia, no dia 24 de setembro de 2014.
A propriedade arrendada por Maria Helena era a principal fonte da renda da família e tinha recebido muitos investimentos pouco tempo antes da invasão. Contabilizando o que perdeu com a ação dos indígenas e o que deixou de ganhar por não poder ter colhido nada durante esse período, o prejuízo ultrapassa a casa dos R$ 2 milhões, afirma a produtora. Impedida de cultivar, a família busca ajuda pra recuperar o prejuízo financeiro e abalo emocional.
“Investimos na terra, que antes era pasto, para iniciarmos o cultivo de grãos. Gastamos com adubo, equipamentos, agricultura de precisão, caprichamos muito na pintura da casa e tudo foi por água abaixo”, lamenta a produtora que arrendava as terras das propriedades Guapey e Barra Bonita.
Maria Helena destaca que há quase um ano ela tenta resolver o problema de sua propriedade junto à Justiça mas até o momento nada foi resolvido. “Todas as portas se fecham para nós”, lamenta. Segundo a produtora, logo após a invasão o juiz do município concedeu a reintegração de posse da propriedade, mas a mesma ficou vigente por seis meses sem ser cumprida pela Polícia Federal. Até ser suspensa pela Justiça. “Hoje eu espero a Justiça de Deus, não a do homem.
A produtora também lamenta a situação dos indígenas invasores que, em sua avaliação, estão abandonados pela Funai – Fundação Nacional do Índio e pelas entidades que deveriam atender os seus interesses. “De nada adiantou invadir minhas terras. Lá, eles passam fome, passam necessidade. Ficam no frio, na chuva, à mercê da natureza. Eles pedem comida aos produtores vizinhos e, inclusive, para os que têm propriedade invadida”.
No dia 14 de julho deste ano, durante a reunião com José Eduardo Cardozo, ocorrida em Brasília, a produtora rural fez um desabafo comovente sobre a condição de sua propriedade rural, localizada em Coronel Sapucaia.
“Eu quero que o senhor veja a situação nossa, o que nós estamos passando. Lá é corredor de drogas, nós vemos índios alcoolizados 24 horas, nós vemos índios drogados 24 horas. O senhor sabe o que um drogado, um alcoolizado faz. Ele não pensa. É isso que eu quero que vocês tomem providência. A situação está feia. Eu sou uma mãe de família, trabalhei a vida inteira para criar os meus filhos”, ressaltou a produtora.
Durante o encontro, que contou com a presença de lideranças políticas, rurais e do presidente da Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária de MS, Maria Helena reclamou ao ministro os seus direitos de propriedade. “Eles têm o seu direito, mas nós também temos em uma terra que não é área indígena (…). Eu não aguento mais isso, pedir socorro e clamar em portas que nunca se abrem”.
De acordo com os dados do Famasul, atualmente, Mato Grosso do Sul tem 91 propriedades rurais invadidas por indígenas. Recentemente, a situação se agravou no Estado, após a ação ocorrida em três propriedades rurais de Aquidauana. Especificamente em Coronel Sapucaia, são seis propriedades invadidas.