De clima a custos de produção, Dia de Mercado de Grãos reúne mais de cem pessoas em Dourados
De clima a custos de produção, Dia de Mercado de Grãos reúne mais de cem pessoas em Dourados
Os principais assuntos referentes à produção agrícola, assim como as consequências relacionadas às tomadas de decisões do produtor rural, foram abordados durante o Dia de Mercado de Grãos, realizado nessa terça-feira (22), em Dourados, com a participação de mais de cem pessoas. O evento é promovido pela CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, em parceria com o Sistema Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária de MS e do Sindicato Rural de Dourados.
Para o presidente do Sindicato Rural de Dourados, Lúcio Damália, o evento representa uma oportunidade para o produtor da região receber informações de qualidade que auxiliarão na próxima temporada. “Para o produtor comercializar, ele precisa saber o seu custo. Isso é primordial para analisar o mercado e fazer boas comercializações”.
O encontro foi aberto pelo coordenador do Núcleo Econômico da CNA, Renato Conchon, que salientou a importância do evento para o município e a prévia dos resultados do projeto Campo Futuro. “O objetivo é capacitar o produtor para gerir a sua propriedade e aumentar a rentabilidade. É voltar informação ao setor, onde eles se destacaram positiva e negativamente, Aqui em Dourados, por exemplo, identificamos a necessidade de trazer informações sobre dois temas: previsões climáticas e nematoides, uma praga que está se intensificando”, acrescentou.
Dourados é uma das principais praças produtoras de grãos em Mato Grosso do Sul e foi um campo de pesquisa do Campo Futuro, projeto realizado pela CNA e SENAR, em parceria com universidades e centros de pesquisa, além das Federações de Agricultura e Pecuária dos Estados. A finalidade é aliar a capacitação do produtor rural à geração de informação para a administração de custos, de riscos de preços e gerenciamento da produção.
A primeira palestra do Dia de Mercado de Grãos foi ministrada pelo pesquisador do Cepea, Mauro Osaki, sobre: ‘Custo de Produção Agrícola no MS’. “Cada produtor tem uma estrutura diferente e o custo diferencia em cada propriedade. É preciso fazer uma radiografia e assim obter um diagnóstico. Mato Grosso do Sul apresenta uma rentabilidade boa, ficando entre as dez melhores do País. Aqui, o clima, como excesso de chuva, por exemplo, prejudicou a colheita. Mas o volume foi suficiente para cobrir os custos”, referindo-se ao levantamento prévio do projeto Campo Futuro.
Em seguida, a meteorologista Desirée Brandt, especializada no setor agrícola, falou sobre a sobre as previsões climáticas da safra 2016/17. “A próxima safra será diferente das últimas três de verão. Os últimos anos foram marcados pelo aquecimento do Oceano Pacífico em sua porção equatorial, sendo que na última safra, quem ditou as regras foi um dos El Niños mais fortes da história”, analisou.
Já o professor da Unesp, Jaime Maia dos Santos, proferiu uma palestra mais direcionada ao conhecimento técnico do setor, falando sobre as práticas de controle de Nematoides. Durante o evento, o assunto despertou o interesse dos agricultores diante da gravidade da praga para as lavouras. “Nunca se deve buscar o controle de nematoides com uma prática isolada. Além disso, é importante que os produtores fiquem atentos às cultivares diferentes”.
E, por último, o economista da FCStone, Thadeu Silva, falou sobre o ‘Cenário e Perspectivas do mercado de grãos’, dando ênfase à estratégia de comercializar com a China: “China deve voltar ao mercado com força no resto do ano e isso deve manter preços da soja em patamares melhores”, salientou o especialista acreditando que essa demanda da oleaginosa pelo país asiático deve aumentar à tendência no crescimento consumo de proteína animal.
O evento foi realizado na sede do sindicato rural do município e contou com a presença de produtores, especialistas, profissionais e estudantes do setor.