Do Rural à Mesa: Programa que integra produtores, cozinheiros e consumidores chega a MS
Do Rural à Mesa: Programa que integra produtores, cozinheiros e consumidores chega a MS
Na propriedade de cinco hectares, localizada em Campo Grande, o agricultor João Lopes Cordeiro, cultiva hortifrútis há 14 anos. Por semana, ele planta cerca de mil pés de alface e por mês mais de 600 pés de couve. Além de outras variedades como feijão vagem, abobrinha, mandioca e milho. Até então, a venda desses produtos acontecia apenas para moradores da redondeza, a partir de agora o produtor ampliará a comercialização, já que será o primeiro sul-mato-grossense a fazer parte da iniciativa Do Rural à Mesa do SENAR Brasil – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, que inicialmente tem a parceria do Senac nacional.
O objetivo é promover a integração entre o produtor e o consumidor, conscientizando profissionais da gastronomia sobre sustentabilidade, qualidade, rastreabilidade dos alimentos. “Fizemos um projeto piloto em Goiás e agora estamos na fase de ampliação. Alguns detalhes ainda estão sendo formatados para que o projeto possa ser ampliado, sem perder a metodologia inicial. A ideia é ir além da aquisição do produto e garantir também a segurança alimentar”, ressalta a assessora técnica do SENAR Brasil, Barbara Evelin Magalhães Silva.
Mato Grosso do Sul é o primeiro estado que recebe o projeto. “É uma troca de realidade e aprendizagem entre os públicos. Os cozinheiros serão apresentados ao processo de produção no campo, os desafios e manejos utilizados, enquanto o produtor passará a conhecer as necessidades de quem manipula alimentos, firmando o compromisso em oferecer produtos de qualidade, em quantidade suficiente e com regularidade”, destaca o superintendente do Senar/MS, Rogério Beretta, após reunião de articulação realizada na quinta-feira (28), entre as entidades envolvidas na iniciativa.
Orgulhoso em mostrar sua horta para especialistas em culinária, Lopes fala o antes o depois da sua propriedade após a chegada do Senar/MS. “Hoje sei como devo preparar a terra e combater pragas que aparecem. Com a estufa em formato de túnel, consigo cultivar alface mesmo no frio. Só em olhar vejo o quanto minha horta mudou, principalmente nas opções, como feijão vagem, couve, abobrinhas ‘menina brasileira’ e ‘paulistinha’, mandioca, milho e outros vegetais da época”, explica o produtor familiar que, agora com resultados exitosos, e a parceria das entidades ganha um importante cliente.
Nem sempre os números de cultivo do Lopes foram assim. Em menos de dois anos de acompanhamento da assistência técnica do Senar/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de MS, por intermédio do programa Hortifruti Legal, Lopes ampliou e profissionalizou sua produção. “Com a diversificação da horta e direcionamento na tecnologia no solo, foi possível que o escalonamento da produção. As mudanças são nítidas. As hortaliças têm giro mais rápido, com 35 dias o agricultor já está colhendo alface. Com isso, consegue atender com eficiência as demandas”, explica a técnica de campo, Ivanda Piffer Pavão.
No período vespertino, a equipe composta por representantes do SENAR Brasil, Senar/MS, Senac nacional e Senac de MS, fez a primeira visita e obteve boas impressões e expectativas. “É uma propriedade muito bem cuidada, conseguimos perceber a diferença quando se recebe a assistência técnica. Até mesmo na maneira como o produtor se posiciona e o conhecimento que ele adquiriu são diferenciais. O projeto tem um impacto e uma importância social enorme, pois ele tira o atravessador do meio do caminho e dá ao produtor mais autonomia”, afirma a gerente pedagógica do Senac Gastronomia, Patrícia Garcia.
“Conhecemos a potencialidade do trabalho deste produtor. Quando o chefe ou o aluno está em um processo de criação dos pratos ele identifica vários insumos que muitas vezes não encontramos no mercado local. Isso permite o fomento do cultivo com produtores locais que passam a produzir o que precisamos e da maneira como precisamos”, afirma a gerente do Senac Turismo e Hospitalidade, Roberta Ávalo.