Estudantes de Coxim desenvolvem bactericida produzido com cabelo do milho
Estudantes de Coxim desenvolvem bactericida produzido com cabelo do milho
Os conhecimentos do homem do campo aliados à busca por informação concederam a dois estudantes do curso Técnico em Informática do IFMS – Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, do município de Coxim, a oportunidade de representar o país na principal Feira Nacional de Ciências e Tecnologia, realizada entre 31 de outubro e 04 de novembro, na Costa Rica (América Central).
Em razão dos altos custos com passagens e estadia, os estudantes solicitaram apoio financeiro ao Sistema Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária de MS que vem apoiando várias iniciativas relacionadas à educação, compartilhamento do conhecimento e de jovens empreendedores que desejam aprofundar os conhecimentos e pesquisas na agropecuária. Exemplos de programas com este perfil são o Agrinho, que atua no ensino fundamental, despertando nos alunos do 1º ao 9º ano a importância da conexão campo-cidade, e o CNA Jovem, que forma jovens lideranças para representar o setor agropecuário.
A dupla foi recebida pelo presidente da Famasul, Mauricio Saito e os diretores, Lucas Galvan e Terezinha Cândido. O presidente ressalta o compromisso da instituição em apoiar o comprometimento das futuras gerações que procuram contribuir com o desenvolvimento da sociedade. “Nossa meta, enquanto entidade representativa da agropecuária, é apoiar iniciativas de jovens como o Alércio e o Igor que têm interesse em trazer os conhecimentos da área rural para a cidade, tendo como base um dos produtos mais consumidos no mundo, o milho”, pontua.
Trajetória – Alércio Soutilha e Igor dos Santos Moraes, ambos com 17 anos, resolveram pesquisar a eficácia do cabelo do milho no combate a infecções urinárias, consumido por muitos moradores da área rural na forma de infusão. A curiosidade científica foi apoiada pela professora do instituto e os resultados da pesquisa resultaram na fabricação de protótipos de sabão liquido e em barra.
Igor conta que a avó materna deposita muita confiança no chá que inclusive era ministrado a um familiar que sofria de incontinência urinária. “Meu tio padecia de problemas urinários e minha avó preparava o ‘remédio’ que auxiliava no controle do distúrbio. Aquilo me despertou o interesse de comprovar se realmente funcionava e há mais de um ano eu e o Alércio temos estudado o assunto”, relata.
Alércio acrescenta que a primeira etapa do trabalho foi descobrir se existia alguma pesquisa semelhante e a partir daí iniciaram uma jornada de estudos para comprovar os efeitos terapêuticos do produto que é normalmente descartado pelos consumidores. “Somos os primeiros estudantes brasileiros a realizar uma pesquisa que parte da ação antimicrobiana para combater bactérias encontradas no organismo humano. Já apresentamos nosso trabalho em várias feiras científicas no Estado, além de outras localidades como Rio Grande do Sul, Acre e São Paulo. Ficamos muito animados com a possibilidade de apresentar nosso projeto em uma feira renomada do continente americano”, observa.
Igor revela que sempre morou na área rural e veio para cidade depois que foi aprovado no curso do IFMS. “Não fazia ideia de que o milho tivesse tantas propriedades positivas e na pesquisa descobrimos outras características positivas do chá que é diurético e auxilia no combate a obesidade, por ajudar o organismo a não reter líquidos”, afirma. Questionado sobre o futuro o estudante é categórico, “Meu objetivo é partir para a faculdade de Biomedicina”.
O colega de estudos também já definiu a linha de estudos acadêmicos: “Estamos concluindo o curso de Informática, mas, ficamos tanto tempo nos laboratórios da área biológica que meu foco de estudos agora é me preparar para estudar Biotecnologia e assim, desenvolver mais pesquisas que contribuam para a melhoria da qualidade de vida da população”, argumenta Alércio.
Na avaliação de Saito existem muitos estudantes com boas ideias, mas, que por falta de apoio acabam desistindo de aperfeiçoar seus conhecimentos. “Acredito na existência de muitos projetos tão importantes quanto este apresentado pela dupla de acadêmicos da cidade de Coxim. É importante a disseminação destas informações para sociedade, de forma a mostrar que o progresso não está apenas na cidade, mas, muitas vezes pode vir do campo”, conclui.