Famasul se reúne com produtores do Sul do Estado para tratar de invasões às propriedades rurais
Famasul se reúne com produtores do Sul do Estado para tratar de invasões às propriedades rurais
A diretoria da Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária de MS reuniu-se na manhã desta quarta-feira (24) com 150 produtores rurais da região Sul do Estado, no Sindicato Rural de Amambai para discutir as invasões de áreas por indígenas no Estado. Somente nesta semana, três novas invasões de propriedades foram registradas, sendo duas no município Aral Moreira e uma em Coronel Sapucaia.
Representantes da prefeitura de Amambai, Câmara dos Vereadores e polícias Militar, Civil e DOF – Departamento de Operações de Fronteira participaram do encontro, com objetivo de esclarecer e ouvir as reivindicações dos produtores rurais. Atualmente, o Estado possui 88 propriedades invadidas por indígenas, algumas há mais de uma década.
Um dos produtores que prestou depoimento foi proprietário da fazenda São Luiz, Rui Escobar, com mais de 1,6 mil hectares produtivos e invadida desde 2010. “A primeira invasão ocorreu há cinco anos e em abril passado, outro grupo invadiu a sede deixando eu e minha família numa situação de total insegurança já que dependemos da nossa produção para viver”, desabafou. O produtor tem 900 hectares de milho pronto para colher e está impedido pelos invasores. “Entendo hoje, o que alguns amigos enfrentaram há 20 anos. Mas sempre achamos que não acontecerá conosco, por isso acredito que temos de estar unidos para ajudarmos uns aos outros e mostrarmos o quanto temos sido prejudicadas com estas invasões”, ressaltou.
O advogado da Famasul, Gustavo Passareli, prestou orientação jurídica aos produtores com áreas invadidas recentemente e atualizou sobre o cenário das invasões no Estado. “Desde que começaram as invasões em Mato Grosso do Sul houve avanço no caminho jurídico, entretanto os casos de reintegração de posse ainda são complexos e demandam tempo”, considerou.
O presidente do Sistema Famasul, Nilton Pickler, participou do encontro e reforçou o comprometimento da federação em oferecer apoio aos produtores. “Estamos aqui para nos colocar à disposição de todos que passam por este momento tão difícil, mas entendemos que é necessário buscar os caminhos jurídicos. O momento pede união para que possamos pressionar o governo federal a definir a situação das áreas invadidas no Estado”, argumentou. O presidente da Aprosoja/MS – Associação dos Produtores de Soja de MS, Mauricio Saito, segue na mesma linha. “Há anos os produtores rurais sofrem a violência das invasões e a insegurança jurídica gerada por elas. Resultado da omissão do poder público em relação aos litígios de terra”, declarou.
Maria Helena Vanzella Ramos é natural do Paraná e há quase 20 anos veio para Amambai em busca de uma vida melhor para a família. Com a propriedade invadida desde 2011, vive a angústia de não obter uma resposta dos poder público, o que resultou em doença cardíaca e muita tristeza. “Eu e meu esposo estamos doentes física e emocionalmente. Nos esforçamos tanto para oferecer uma vida melhor a nossos filhos e agora não temos mais nada, fomos retirados com violência da nossa propriedade e aguardamos até hoje por uma definição que não chega”, relatou.
De acordo com o presidente do Sindicato Rural, Diogo Peixoto da Luz, a reunião serviu para que os produtores soubessem quais as atribuições de cada setor do poder público e pudessem relatar suas vivências. “Esta reunião foi importante para oferecermos todos os esclarecimentos possíveis aos produtores e para que os convidados pudessem conhecer melhor a história de cada um. Nosso intuito é levar estas reivindicações aos governos estadual e federal, para que interfiram e tragam a pacificação para as áreas invadidas aqui na região. Não queremos conflitos, mas queremos devolver aos produtores o direito a propriedade que foi perdido”, concluiu.