Programa do Senar quer reverter importação de 85% dos hortifruti consumidos em MS
Programa do Senar quer reverter importação de 85% dos hortifruti consumidos em MS
O consumo de hortifrutigranjeiros em Mato Grosso do Sul cresceu 17% nos últimos dois anos. De 2012 a 2014, o total consumido no Estado passou de 148.329 para 174.381 toneladas, segundo informações da Ceasa – Central de Abastecimento Estadual. No entanto, 85% dos produtos consumidos pela população ainda são importados de outros estados da região Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. As informações da Central mostram ainda que tomate, batata, melancia e banana foram os produtos mais vendidos nesse período e as hortaliças lideraram o volume de compras com 52,1%, enquanto as frutas nacionais chegaram a 45% das importações.
Com objetivo de reverter o atual quadro de importação de vegetais, o Senar/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural desenvolve o ‘Hortifruti Legal’, um projeto de produção assistida que leva aos produtores rurais soluções para problemas técnicos identificados na produção, comercialização e industrialização desses produtos. Por meio de um programa de acompanhamento da produção denominado ATEG – Assistência Técnica e Extensão Gerencial, 156 produtores dos municípios de Terenos, Figueirão e Rio Verde estão sendo visitados regularmente por profissionais do Senar, recebendo no formato de consultoria informações referentes ao ciclo de plantio, adubação, escoamento, entre outras.
Um dos técnicos do programa é o engenheiro agrônomo Paulo Mitio, que atende um grupo de 36 produtores na região de Terenos, que já trabalhavam com horticultura. “Temos acompanhado este grupo desde o começo do programa oferecendo capacitações, gerenciamento e planejamento do plantio. Verificamos que um dos erros mais comuns é plantar poucas opções de culturas em grandes áreas e após a colheita, o produtor fica sem opção. Por isso, estamos ensinando técnicas de escalonamento, na qual ele produzirá menos, porém com mais qualidade e continuamente”, esclareceu.
Para exemplificar a técnica, o instrutor detalha que quando se alterna a cultura de legumes e verduras, o produtor pode colher quinzenalmente de 20 a 40 caixas de produção, que se vendidas a uma média de R$ 20 reais, podem resultar em até R$ 800,00 ao trabalhador. “Demonstramos também como fazer o cálculo dos custos com a produção e as oscilações do mercado, em razão da oferta e procura. Seguindo estas técnicas, o produtor alcançará melhoria na gestão da propriedade e, consequentemente, nos lucros”, acrescentou o profissional.
Planos para o futuro – O produtor Valdemir Ortega, possui uma pequena propriedade de 6,5 hectares no Assentamento Santa Mônica, em Terenos, onde cultiva berinjela, abobrinha e alface. Ortega conta que a assistência rural foi importante para que pudesse produzir mais em menor espaço. “Como nosso espaço é limitado precisamos planejar com cuidado o quê e como iremos plantar. A assistência me ajudou desde a adubação e combate às pragas até calcular meu lucro líquido. É gratificante perceber o nosso crescimento, por isso estou me preparando para, no mínimo, dobrar meu ganho”, revela animado.
Depois de receber orientação técnica, Ortega produziu uma safra de alface e investiu no plantio de duas espécies de pepino, além de já ter definido quais serão as próximas culturas. “Meu planejamento inclui a produção de abacaxi, limão e banana que são alguns dos produtos com melhor saída”, reforçou.
A produtora Alice da Silva Nunes também mora no assentamento e cultiva em uma área com pouco mais de um hectare, abobrinha, pepino, quiabo e pimentão. Junto com o marido, trabalha em todas as etapas do cultivo, desde a preparação do solo até a venda da produção. Alice se mostra satisfeita com o atendimento que tem recebido. “Aprendi muitas técnicas para a adubação e controle de pragas, muito importantes já que não prejudicam o meio ambiente. Os resultados não poderiam ser melhores, o que percebi na colheita de quiabo, por exemplo: utilizando metade do espaço, produzo a mesma quantidade de caixas do produto”, comemorou.
Escoamento da produção – Na etapa de planejamento realizada pelas equipes do ATEG foi identificado que além das dificuldades enfrentadas pelos agricultores com a produção, também existe um entrave no momento de vender o que levou em muitos casos, ao desperdício e inutilização de parte da colheita.
Uma parceria firmada entre o Senar/MS, a Cooplaf – Cooperativa Agrícola Mista da Pecuária de Corte e Leiteira Familiar no município de Terenos, Sebrae/MS – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e o Sindicato Rural prevê a atuação de um agente de comercialização. O profissional intermediará o contato entre o produtor e os comerciantes, aproximando ambos e eliminando assim os gastos com terceirização.
Serviço – Os interessados em participar do programa Hortifruti Legal podem se dirigir ao sindicato rural de sua região ou entrar em contato com o Sistema Famasul, no telefone (67) 3320-9700.