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Seguro rural permite que produtor amplie área de cultivo e invista mais em tecnologia

Seguro rural permite que produtor amplie área de cultivo e invista mais em tecnologia

03/12/2015 - 14:00

Que a agricultura é uma atividade de risco, todos já sabem. O sojicultor, por exemplo, lida com a imprevisibilidade do clima, doenças e pragas na lavoura, além da volatilidade do câmbio. Mas como lidar com fatores que podem comprometer a produção e trazer prejuízos ao agricultor? O seguro rural tem sido a resposta para quem quer garantias no cultivo de grãos. A decisão em formalizar uma apólice possibilita que o agricultor invista em mais tecnologia e amplie sua área sem medo.

“Insumos que têm grande peso no custo de produção, como óleo diesel, adubos, sementes, são acessórios que podem ser inclusos no seguro. Históricos de geadas, veranico em determinadas regiões e índice de produtividade divulgado pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística são fatores que determinam o preço da apólice”, ressalta o engenheiro agrônomo e especialista em seguros rurais, Arnaldo Gaspar, levando em consideração que quanto maior for o risco maior também será o valor da apólice.

De acordo com um levantamento feito pela equipe técnica da Aprosoja/MS – Associação dos Produtores de Soja de MS, no Brasil o número de seguros rurais aumentou. A área segurada passou de 9,6 milhões de hectares em 2013 para 9,9 milhões em 2014, alta de 3,7%, com 16% mais contratos firmados, ou seja, as apólices. Em sentido contrário, o cenário em Mato Grosso do Sul é diferente. No mesmo período, o Estado registrou queda de 12%, saindo da casa de 1 milhão de hectares para 914 mil hectares. Especificamente para a soja, a área segurada aumentou 10% e o número de apólices caiu 1,85%. Já para o milho, a área segurada teve queda de 47%, e as apólices foram 29% menores”.

A justificativa está no baixo nível de cobertura dos seguros, como explica o gestor do departamento técnico do Sistema Famasul  – Federação da Agricultura e Pecuária de MS, Justino Mendes. “Desde o início do programa, em 2005, os dispêndios (gastos) foram crescentes, atingindo o pico de R$ 694 milhões no ano passado. Em contrapartida, o valor da subvenção, que é a parte atribuída pelo governo, teve redução”. Para se ter uma ideia, entre 2013 e 2014, o subsídio destinado para a soja e o milho 2ª safra em Mato Grosso do Sul registrou queda de 40%.

Para o especialista em seguros rurais, Arnaldo Gaspar, outro grande entrave é a falta de informação sobre seguro rural.  “Algumas pessoas não sabem, mas o seguro só não inclui o arrendamento e a comercialização do grão. Outros custos podem ser adicionados conforme a necessidade de cada cultivo ou região”. Hoje também existe um fundo garantidor, fruto da parceria formada entre as companhias e o Governo Federal, que em caso de catástrofes, divide o valor do prêmio com outras seguradoras, o chamado resseguro.

Para a safra 2015/2016, o Mapa – Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento publicou no Diário Oficial da União do dia 23 de novembro o Plano Trienal 2016-2018 para a subvenção ao prêmio do seguro rural. O valor subvencionável foi fixado em R$ 400 milhões para 2016, R$ 425 milhões para 2017 e R$ 455 milhões para 2018.

Com o objetivo de atender mais produtores com menos recursos, o governo reduziu o percentual da subvenção a ser concedida, que até este ano variava de 40 a 70% do valor do prêmio. A partir de 2016 ficará entre 30 e 45%. Em função dessa queda, estima-se que o número de apólices contratadas caia de 118 mil em 2014 para cerca de 40 mil neste ano, deixando mais de 50 mil produtores sem o apoio. Com os cortes, a cultura mais afetada é a soja.