Sucessão familiar em empresas rurais atrai público em Ponta Porã
Sucessão familiar em empresas rurais atrai público em Ponta Porã
O tema sucessão familiar nas propriedades rurais vem atraindo cada vez mais atenção, uma vez que 1/3 das propriedades rurais têm origem de herança, segundo o último Censo Agropecuário do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisas apontam ainda que mais de 90% das empresas rurais brasileiras têm administração parental, segundo o médico veterinário e instrutor do Senar/MS Vidal Subtil. O fenômeno de migração das novas gerações foi tema de palestra sobre sucessão familiar, ministrada pelo instrutor no último fim de semana (14), em Ponta Porã.
O instrutor sensibilizou os participantes ao citar durante a palestra ‘A importância da sucessão familiar nas atividades rurais’ as dificuldades que enfrentou na família com a morte do pai. “Quando meu pai faleceu, eu, meus seis irmãos e minha mãe tivemos que lidar com uma situação emocionalmente desgastante, pois mesmo em família é difícil conseguir unanimidade. Depois de ter vivenciado esta situação, acabei me interessando pelo assunto e observei o quanto vem sendo pesquisado por especialistas”, detalhou.
O público que acompanhou a palestra era composto por pessoas como o agricultor Wilter Nunes dos Santos, 73 anos. Dono de uma propriedade localizada há 50 quilômetros da área urbana do município, o produtor revela que o tema é importante para ele que coloca a família em primeiro lugar. “A parte familiar me toca muito. Acredito que a valorização e união dos membros são essenciais para que o negócio permaneça lucrativo. Eu, por exemplo, tenho três filhos, e dois ainda trabalham comigo. O que mora na cidade está sempre presente. No entanto, testemunho muitos amigos e vizinhos que ficaram sozinhos na propriedade e acumulam muitas responsabilidades”, argumentou.
A palestra mostrou as características identificadas em empreendimentos familiares. Apesar de 90% das empresas do país serem administradas por famílias, somente 30% sobrevivem com a mesma direção até a 2ª geração e menos de 10% alcança os netos. “Entre os fatores que provocam o esfacelamento do negócio familiar estão a dificuldade de integração dos herdeiros sobre como gerenciar a propriedade, a concorrência de outras atividades e o fatiamento da propriedade, em razão dos membros almejarem outros planos”, detalhou Subtil.
Em contrapartida, o instrutor apontou que o comprometimento dos herdeiros, a confiança e valores comuns podem ser ferramentas para impulsionar as atividades rurais. “É preciso deixar claro que os produtores estão sempre acompanhando as novidades do setor, principalmente as novas gerações. O perfil do empresário rural de hoje é aquele que pesquisa, se capacita e se inteira das novas tecnologias, para implantar na administração de sua propriedade”, concluiu.
O projeto Sucessão Familiar, criado pelo Senar, é desenvolvido em vários estados brasileiros e chegou ano passado em Mato Grosso do Sul, com oferta de duas turmas piloto, nos municípios de Dourados e Rio Brilhante. A capacitação “Transformando herdeiros em Sócios” teve foco na sucessão familiar das empresas rurais ou para interessados em formalizar o negócio como uma instituição de lucros e foi apresentada na versão reduzida com 8 horas/aula para 30 participantes. O treinamento completo possui quatro módulos e carga horária de 76horas/aula (seis finais de semana).
O superintendente regional do Senar, Rogério Beretta, alegou que o feedback dos participantes nas turmas piloto foi positivo e a instituição já programa novas turmas em 2015. “Nossa equipe formatou o conteúdo e material didático para atender a demanda de produtores que não conseguiram participar da primeira turma e aguardam novas datas que devem ser divulgadas ainda neste semestre. O resultado foi positivo e demonstra a preocupação do setor em profissionalizar os negócios rurais”, acentuou.