Superintendentes do Senar se surpreendem com produtores de MS assistidos por ATG
Superintendentes do Senar se surpreendem com produtores de MS assistidos por ATG
Duas propriedades rurais localizadas no assentamento Santa Mônica, no município de Terenos (distante 26 km de Campo Grande), comprovam a eficiência da ATG – Assistência Técnica e Gerencial oferecida pelo Senar/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural e foram visitadas pelos participantes do Encontro Nacional de Superintendentes do Senar realizado no dia 2 de setembro. Há mais de um ano, as duas propriedades são assistidas por técnicos da instituição.
O superintendente da regional na Paraíba, Sérgio Martins, afirmou que os pontos que mais chamaram sua atenção no trabalho do Senar/MS foram a figura do agente comercializador e a mudança de comportamento dos participantes. “Preparar um agente que intermedia contatos para venda da produção foi uma proposta muito boa, pois, muitos produtores tem dificuldade em fazer esta negociação. Outro fato que me impressionou foi a segurança dos participantes que utilizam termos técnicos para falar da administração rural e explicam com clareza as mudanças que realizaram”, argumenta.
Martins relata um diálogo que teve com o produtor Juliano Amorim, da pecuária leiteira, e que comprovou a viabilidade e eficiência da assistência técnica. “Eu perguntei ao Amorim sobre o futuro dos filhos dele, se preferia que fossem estudar na cidade ou permanecer no campo. Ele me respondeu que os filhos estudarão, mas que mostrará as vantagens de ser o dono do próprio negócio e os incentivará a darem continuidade a sua atividade”, conclui.
Para o coordenador de Assistência Técnica e Gerencial do Senar(DF), Matheus Ferreira, as propriedades visitadas reforçam a transformação que a assistência técnica pode realizar no setor rural. “Ficamos satisfeitos com os resultados obtidos com estes produtores em curto espaço de tempo e comprovamos que está de acordo com as estratégias do programa, apresentadas no encontro nacional de superintendentes, aqui em Campo Grande”, finaliza.
O secretário executivo do Senar (DF) ressaltou que a implantação do modelo de ATG – Assistência Técnica e Extensao Gerencial é um marco histórico no país, já que as ferramentas para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro estão na educação e assistência técnica. “A proposta do Senar é promover a integração entre capacitação e aplicação de uma assistência técnica que vá além do método convencional. Por isso apresentamos no encontro um programa que norteará as ações envolvidas em todas as regionais, respeitando as particularidades de cada localidade”, considera.
Mudança de vida – A primeira visita aconteceu na chácara Alvorada, cujos proprietários se dedicam a produção de hortaliças no sistema de cultivo protegido. A produtora familiar, Simone Barbosa, fez um relato da trajetória de trabalho para conseguir montar uma estufa. “No começo nós cultivávamos alface, rúcula e agrião, mas o retorno era muito baixo e meu marido tinha que trabalhar de empregado na cidade. Comecei a pesquisar e decidi investir na hidroponia, porém, encontrei resistência até para conseguir uma linha de crédito”, desabafa.
Persistente, Simone procurou mais informações e se tornou cooperada, ocasião em que conheceu os cursos do Senar/MS. “Quando me cadastrei na cooperativa fiquei sabendo do programa Hortifruti Legal e resolvi participar. O técnico sugeriu que eu plantasse outras variedades e atualmente produzo dois tipos de alface crespa, rúcula, couve, salsa, manjericão e comecei o cultivo de abóbora irrigada. Com ajuda do agente de comercialização fornecemos uma média de 600 unidades de folhosas, três vezes por semana que são vendidas para um supermercado na Capital”, acrescenta.
O segundo produtor familiar está no assentamento há oito anos e trabalha com bovinocultura de leite junto com a esposa. Apesar da atividade diferente, a história de Juliano de Freitas Amorim é semelhante pelas dificuldades em manter a família com a produção de leite obtida a partir de 11 vacas. “Quando o técnico começou a fazer as visitas em maio do ano passado, eu tinha uma produção de 570 litros por mês e hoje já consigo produzir 2,5 mil”, comemora.
Questionado sobre as mudanças que realizou para dobrar a produção, Amorin acrescenta: “Mudamos a alimentação dos animais e o tipo de alimentação, plantando cana e capim napiê , aumentei a ordenha para duas vezes no dia e estamos desmamando os bezerros em menor tempo. Separamos também os animais mais velhos e com baixa produção, e com uma linha de crédito do Pronaf – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar compramos mais seis vacas leiteiras”. As próximas ações tomadas pelo produtor e que constam no seu planejamento de gestão são: investimentos de infraestrutura como a construção de um curral, cocheiras e futuramente, uma sala de ordenha mecânica.
Avaliação Técnica – Segundo o engenheiro agrônomo, Paulo Mitio, que atende Simone e mais 34 hortifruticultores, o erro mais comum da turma era investir em poucas opções de cultura. “Avaliamos que os produtores daqui necessitavam de mais opções e sugerimos um mix de culturas, de acordo com as particularidades do solo. Como a maioria trabalha na cooperativa orientamos ainda a adotarem o sistema de escalonamento, para conseguirem ter uma produção continua, independente das mudanças de estação”, enfatiza.
O técnico de campo do Senar/MS e zootecnista, Nivaldo de Azevedo Júnior, reforça que o comprometimento dos participantes no programa de ATG é fundamental para alcançar números como o de Amorim. “Aqui conseguimos desenvolver um trabalho abrangente, pois, o produtor entendeu as orientações e está disposto a mudar hábitos de manejo incorretos. Eu atendo duas turmas, uma aqui em Terenos e outra em Figueirão e costumo dizer a eles que produtor com dinheiro e sem conhecimento perde dinheiro. Já o produtor sem dinheiro e que tem conhecimento, começa a ganhar mais”, comenta.
A produtora familiar e membro da diretoria da Cooplaf – Cooplaf – Cooperativa Agrícola Mista da Pecuária de Corte e Leiteira e da Agricultura Familiar de Terenos, Lucilha de Almeida, fez parte da equipe que reuniu o primeiro grupo de cooperados e testemunhou a mudança de comportamento dos vizinhos e amigos. “Eu digo com segurança que quando o Senar terminar o trabalho de assistência técnica aqui na nossa região, cada produtor será o técnico da própria terra. Recuperamos nossa estima, vontade de produzir e estamos tirando a má impressão que o assentado tem com a sociedade”, lembra emocionada.