A constituição brasileira garante desde 1989 às pessoas portadoras de deficiência o pleno desenvolvimento a partir da educação. Atualmente, 24% da população é portadora de necessidades especiais segundo informações do Censo 2010 do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Como forma de contribuir com estes cidadãos, o Senar – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural criou há uma década o Programa Apoena (Do tupi-guarani, significa ‘aquele que enxerga longe’), que capacita mobilizadores, instrutores e supervisores com objetivo de aperfeiçoar conhecimentos e habilidade associados às diferentes necessidades especiais dos participantes.

No município de Coxim (MS), Ana Maria Faustino, 36 anos, demonstrou que a deficiência congênita que possui nas pernas não é uma doença e as limitações de acessibilidade não impediram que participasse e fosse aprovada no curso de Assistente de Planejamento e Controle de Produção, voltado a bovinocultura de leite, promovido pelo Senar/MS por intermédio do Pronatec Agro – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego.

A agricultora familiar relata algumas das atividades que desenvolve no dia a dia e afirma que procura sempre se atualizar, por meio de cursos profissionalizantes oferecidos pela instituição.  “Eu moro sozinha em uma chácara com pouco mais de um hectare e lá tenho horta, criação e planto também. Aprendi muito com os instrutores do Senar/MS e me sinto segura para trabalhar em atividades oferecidas no meio rural”, afirmou.

Um dos instrutores que acompanhou o desenvolvimento de Ana Maria é o médico veterinário Manoel Francisco. Ele conta que a garra da ex-aluna é motivo de exemplo para outros trabalhadores. “A Ana é muito animada e tem uma vontade de viver contagiante. Eu acompanhei as aulas práticas do curso de bovinocultura de leite e ela fez de tudo, tirou sangue, aplicou medicamentos e até ordenhou vacas”, detalha o profissional.

Na avaliação da presidente do Sindicato Rural de Coxim, Terezinha de Souza Cândido Silva, ao desenvolver o programa Apoena, o Senar/MS contribui para o atendimento dos direitos das pessoas com deficiência. “Os instrutores estão preparados para atender estes alunos, no entanto, cabe ao poder público e empresas oferecer condições para que estes cidadãos possam estudar e trabalhar”, argumenta.

O zootecnista e instrutor do Senar, André Luiz Nunes, é especialista em piscicultura e também testemunhou histórias de vida que reforçam a necessidade de se promover uma educação inclusiva. “Tive a oportunidade de ser instrutor de dois alunos com deficiência, ambos na capacitação de piscicultura, e posso dizer que foi gratificante compartilhar experiências com eles. Estes dois trabalhadores sempre estavam dispostos a aprender, apesar das dificuldades”, relata.